sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quando te peço calada

Ficamos horas,
Abraçados no nada...

Suspensa no teu olhar
Abafo o desejo violento de fugir...
De me desenlaçar do teu mistério!
De te querer esquecer...!

Horas intermináveis de indecisão
Na luz furtiva de um olhar,
Na voz perene de uma promessa,
Na crueza do nosso diálogo.
Espreito a solidão que nos devora...
Numa supuração calamitosa
Embargo os ais do meu descontentamento!

E os candelabros...sinistros galhos de onde pende a lua
Iluminam um sorrir que se esconde.

Do alto da tua mirada
Acercas-me...e num rouco clamar
Sinto-te !sublimado! nesse teu manto velado
De angústias e abandono.

Envolve-nos aos dois...
...no teu vermelho...no teu azul...no teu negro...
Corpo recôndito e labiríntico
que se transforma quando te peço calada!

Aceita-me...

...no meu encanto...
...na minha humanidade...
...no cataclismo da nossa violência...

Comunicação não comunicada
De versos baratos e vãos,
De silêncios enquadrados.

Enseadas de desgosto
São a distância do sentir.

E o sentir (?)...o sentir os traços do teu rosto
São as memórias que alimentam
Os compassos da minha espera...

3 comentários:

Lili disse...

Tão fofinho o texto...
Doce violência presumo...

Anónimo disse...

Quando as palavras persistem na ausência, nós vogámos em jornadas de ardor prepotente. Quando insistimos em desafiar a matemática das palavras, o veredicto final é o direito à forca num sentido abstracto e ímpio. Assim, recuso-me por fidelidade anónima expressar qualquer esgar de enlevo, quando tu demonstras mirífica mestria na equação perfeita das palavras. Catarse anímica, sem superficialidade corpórea, apenas centrada num cândido ressoar do peito perante a luz cálida de velas.
Quanto aos réprobos e outros condenados durante a jornada, eu prefiro que a lucidez desperte para o meu estado rendido. O meu retrato rendido face a cada palavra. Continua. Já não me livro do brilho servil cada vez que visito este espaço.
[adoro-te, sem ter de dizer mais nada ]

Anónimo disse...

divinamente perfeito

mr.Bloodbath